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Pergunta

Prezado Padre Angelo,

Escrevo-lhe para expressar algumas dúvidas para as quais espero sua resposta.

1) Quando eu vejo crianças doentes, pessoas com grandes malformações ou notícias de guerras e crueldade, eu me pergunto: por que meu Deus?

Eu mesmo me respondo: porque as doenças podem ser causadas pela poluição, pelo pecado original, pelo estresse da vida inútil que levamos. Guerras, violência, opressão são causadas pelo egoísmo do homem. Mas então eu me pergunto: qual é o sentido da vida? Por que Deus permite que tantas pessoas inocentes paguem? Respondo a mim mesmo: porque não ouvimos nossa consciência e usamos mal nosso livre-arbítrio.

Por que tanta dor, meu Deus?

2) Eu rezo muito pela alma do meu pai e por todos os meus entes queridos defuntos. Dedico a eles algumas missas. Eu gostaria de receber um sinal de que eles estão salvos. Desde que comecei a rezar o Santo Terço da maneira que o senhor sugere e a participar dessas Santas Missas, a providência tem me dado muito. E isso já é um sinal. Mas eu gostaria de um sinal tangível de que os entes queridos falecidos alcançaram a salvação. Essa é uma preocupação humana. É errado?

3) Pergunto-me se é admissível pedir a Deus graças pelos próprios problemas materiais. Um padre me disse que Ele é bondade e que devemos confiar Nele e ter cuidado para não criar uma relação “comercial” com o Senhor. Eu entendo isso. Na verdade, minha oração sempre começa pedindo graças espirituais. Concretamente tento mudar meu modo de vida, mas se eu tenho uma angústia, um problema, posso pedir a Deus uma graça material?

Obrigado por sua resposta e por seu trabalho de evangelização.

Filippo


Resposta do sacerdote

Caro Filippo,

1. O problema do sofrimento dos inocentes é um mistério no verdadeiro sentido da palavra. Ou seja, é uma realidade oculta, porque mistério significa exatamente isso: realidade oculta.

Evidentemente, ela está escondida aos nossos olhos, mas não aos de Deus.

Portanto, seria necessário ter os olhos de Deus para poder compreender.

Pois bem, ter fé significa ver com os olhos de Deus, como ensina São Tomás.

E os olhos de Deus nos apresentam um horizonte que não é apenas o deste mundo, mas o da eternidade.

2. Assim, tendo em mente que “não temos aqui cidade permanente” (Heb 13,14) e que o tempo da vida presente é para preparar “um tesouro sólido e excelente para seu futuro, a fim de conquistar(…) a verdadeira vida” (I Tim 6,19) todos os nossos parâmetros de avaliação são alterados completamente.

Quando o Senhor pede conversão, ou seja, transformação, ele pede uma mudança de mentalidade, uma nova lógica, aquela evangélica.

Mas muitas vezes queremos ser cristãos, mantendo a mentalidade do mundo. E assim fazendo as contas não fecham.

3. A lógica evangélica é aquela que São Paulo nos lembra quando diz: “É por isso que não desfale­cemos. Ainda que exteriormente se desconjunte nosso homem exterior, nosso interior renova-se de dia para dia. A nossa presente tribulação, momentânea e ligeira, nos proporciona um peso eterno de glória incomensurável. Porque não miramos as coisas que se veem, mas sim as que não se veem. Pois as coisas que se veem são temporais e as que não se veem são eternas” (II Cor 4,16-18).

No céu veremos a perfeita inversão da lógica mundana, a perfeita realização do que lemos de uma ponta a outra do Evangelho: “Muitos dos primeiros serão os últimos e muitos dos últimos serão os primeiros” (Mt 19,30).

4. Passando agora à segunda pergunta, eu poderia dizer que o Senhor tem suas próprias boas razões para não nos dar sinais tangíveis sobre a salvação eterna de nossos entes queridos.

Eu poderia dizer, antes de tudo, que sinais tangíveis também podem ser dados pelo demônio, que “é mentiroso e pai da mentira” (Jo 8,44).

Então, pensar que nossos entes queridos já estão no Paraíso nos levaria a desistir de rezar e fazer sufrágios. E isso não serviria nem para nós nem para eles.

Seria também do interesse do nosso adversário nos dar sinais bem opostos, como em nos fazer acreditar que uma pessoa que viveu de maneira desordenada e morreu impenitentemente já está no Paraíso e não é tão necessário se converter e estar vigilante.

5. Embora não nos dê sinais certos da salvação deles, o Senhor nos faz caminhar com fé, concedendo o mérito que lhes é prometido.

6. Deve-se dizer, porém, que mesmo se não tivermos sinais certos, o Senhor não nos deixa na escuridão, porque usa nossas orações e sufrágios para abrir uma passagem entre nós e o céu e permitir que nossos entes queridos nos ajudem: “A nossa oração por eles pode não só ajudá-los, mas também tornar mais eficaz a sua intercessão em nosso favor” (Catecismo da Igreja Católica, 958).

Então as graças e a ajuda que experimentamos do céu, depois de fazer nossos sufrágios (há muitos que os experimentam), são um sinal moral da sua salvação

7. Para a última pergunta: podemos pedir a Deus qualquer coisa, até mesmo bens materiais, especialmente se forem úteis para a nossa própria santificação e para a santificação dos outros.

Contudo, exorto-te a buscar em primeiro lugar o Reino de Deus e a sua justiça e todas estas coisas te serão dadas em acréscimo (cf. Mt 6,33).

São Cipriano diz: “Aos que buscam o Reino de Deus e sua justiça, Ele promete dar tudo em acréscimo. Na verdade, tudo pertence a Deus e nada falta ao homem que possui Deus, se ele mesmo não falhar com Deus” (De oratione dominica, 21).

Também por isso te asseguro minhas orações e te abençoo.

Padre Angelo