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Caro Padre Angelo,
Peço-lhe humildemente perdão por todas as perguntas que lhe faço, espero não estar incomodando o senhor. Se estiver, por favor, diga-me que vou tentar melhorar.
Hoje, terça-feira após a Páscoa, cantei hinos de adoração contando a ressurreição de nosso Senhor e Deus Jesus Cristo, cantei diante do Crucifixo e me prostrei em adoração diante Dele.
Agora eu estava me perguntando se adorar o crucifixo e prostrar-se diante dele é idolatria, pois a presença real de Cristo Jesus está presente no Santíssimo Sacramento, e todos nós, filhos de Deus, somos chamados a adorar o Senhor nosso Deus, o Deus que se revelou na Sagrada Escritura e na Sagrada Tradição, na missa e em todos os dias de nossa vida, no corpo e na alma.
Agora, se eu adorar a Deus adorando o Crucificado, isso é idolatria?
Resposta do sacerdote
Caríssimo,
1. Somente Deus pode e deve ser adorado.
Cristo reiterou o que já havia sido dito em Deut 6,13: “Adorarás o Senhor, teu Deus, e só a ele servirás” (Mt 4,10).
No Novo Testamento, a adoração também é dirigida a Cristo: “para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho no céu, na terra e nos infernos” (Flp 2,10).
Essa é a primeira diferença entre adoração e louvor: pode-se e deve-se louvar os anjos e os santos, especialmente a Santíssima Virgem, mas a adoração é reservada somente a Deus.
2. Com a adoração, reconhece-se que somente Deus é Deus, ou seja, nosso criador e salvador, o Senhor e mestre de tudo o que existe. São Tomás escreve: “Deus não é apenas a causa principal de nosso ser, mas todo o nosso ser está em Seu poder. Tudo o que temos, temos Dele, e, portanto, uma vez que Ele é nosso Senhor, o que fazemos em Sua honra é chamado de serviço” (Contra gentes III, 119).
3. Portanto, a adoração (culto de latria), como um ato distinto da simples veneração, só pode ser prestada “em um sentido absoluto” à Santíssima Trindade, a Jesus Cristo e à Santíssima Eucaristia.
A adoração “em um sentido relativo”, ou seja, em ordem às Pessoas divinas, é prestada às imagens de Jesus, da Santíssima Trindade e da Santa Cruz.
4. A Igreja fala da adoração da cruz. Ou melhor, na liturgia da Sexta-feira Santa, uma parte é dedicada precisamente à adoração da cruz.
Aqui a palavra adoração é entendida como o ato material de aproximar os lábios da imagem da cruz.
Adoração significa materialmente aproximar a boca (os-oris, em latim, significa a boca).
5. No entanto, diante da cruz na liturgia da Sexta-feira Santa, a pessoa não apenas aproxima a boca, mas também faz genuflexão. E a genuflexão é o gesto apropriado de adoração.
Pode-se, portanto, perguntar qual é o significado desse gesto.
Eis a resposta de São Tomás: “Os atos de adoração não se dirigem às imagens consideradas em si mesmas, mas na medida em que elas servem para representar o Deus encarnado. Ora, o movimento que se volta para a imagem enquanto imagem não se detém nela mesma, mas tende para o objeto que ela representa” (Suma Teológica, II-II, 81, 3, ad 3).
6. Pois bem, fizeste exatamente isso porque os teus sentimentos na adoração da cruz foram direcionados a Jesus. Teus pensamentos foram dirigidos a Ele, não à madeira que o representava.
Podemos expressar veneração e respeito pela madeira da Cruz. É por isso que os iconoclastas, aqueles que queimavam imagens, foram condenados com razão, precisamente porque não faziam distinção entre o objeto e o que ele representava.
7. Também aqui São Tomás, em termos muito precisos, resolve a questão: “Como disse o Filósofo, há dois movimentos da alma em relação à imagem: o primeiro em relação à imagem como coisa em si, o segundo em relação à imagem como representação de uma coisa.
Agora, entre os movimentos mencionados acima, há a diferença de que o primeiro é um movimento distinto daquele que é direcionado para a coisa representada, enquanto o segundo é identificado com o movimento em direção à coisa representada.
Portanto, deve-se dizer que uma imagem de Cristo, na medida em que é uma coisa em si mesma, por exemplo, uma escultura de madeira ou uma pintura, não deve ser adorada, porque isso se deve apenas a uma natureza racional. Portanto, a ela vai tributado um culto na medida em que é uma imagem” (Suma Teológica, III, 25, 3).
8. Em vez disso, um culto mais elevado é reservado à cruz na qual Nosso Senhor foi pregado. É a cruz encontrada por Santa Helena.
O culto não é prestado aqui apenas porque se refere ao crucifixo, mas também porque entrou em contato direto com o corpo mais sagrado de Nosso Senhor.
“É verdade, como aponta São Tomás, que a cruz de Cristo não estava hipostaticamente unida ao Verbo de Deus; no entanto, estava de alguma forma unida a Ele por representação e contato. Essas são as únicas razões pelas quais nós a adoramos” (Ib., III, 25, 4, ad 2).
É por isso que “falamos à cruz e nos recomendamos a ela, como ao próprio crucifixo” (Ib., III, 25, 4).
É assim que a Igreja se expressa na sua liturgia: “Nós te saudamos, ó cruz, nossa única esperança! Neste tempo de paixão, aumenta a graça para os piedosos e apaga os pecados dos pecadores” (do hino Vexilla Regis prodeunt).
Eu te abençoo, lembro de ti na oração e te desejo tudo de bom.
Padre Angelo