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Prezado Padre Angelo,

Gostaria de lhe oferecer uma interpretação psicológica a respeito de Judas Iscariotes em relação ao seu ato ímpio.

Sem dúvida, ele acreditava que Jesus era o Filho de Deus (a menos que pensasse, como alguns judeus, que Jesus fazia maravilhas graças a Belzebu), mas era de caráter desprezível e hipócrita (guardava o cofre e roubava dinheiro), mas não creio que quisesse matar o Deus feito homem. Ele seria um louco e por que ele iria querer condenar sua alma com o mais grave dos pecados?

Acho que Judas queria criar uma situação ad hoc para que Jesus manifestasse todo o seu poder e fizesse com que as escrituras fossem cumpridas, de acordo com sua maneira distorcida de ver as coisas. Os judeus esperavam um Messias que empunhasse uma espada e libertasse Israel do jugo romano.

Talvez Judas tenha imaginado que Jesus se rebelaria com um evento sobrenatural, como convocar uma legião de anjos, para que até mesmo os mais céticos acreditassem que Jesus era o Filho de Deus e não um seguidor de algum demônio. No entanto, quando Judas viu que Jesus estava na cruz, tomado pelo remorso, se enforcou.

Essa teoria também está presente no filme sobre Judas que foi lançado na Páscoa na TV e considero uma interpretação plausível à luz de suas ações.

Pois, se ele tivesse ficado feliz com sua traição, não teria se enforcado.

No entanto, não é preciso dizer que qualquer que fosse a sua motivação é injustificável.


Resposta do sacerdote

Caríssimo,

1. A tua interpretação é fantasiosa e sugestiva.

Mas ela não responde ao que o Evangelho diz.

2. Eis o que Jesus disse sobre Judas no sexto capítulo de São João: “«(…) Mas há alguns entre vós que não creem …». Pois desde o princípio Jesus sabia quais eram os que não criam e quem o havia de trair” (Jo 6,64).

E um pouco mais tarde ele acrescenta: “«Não vos escolhi eu todos os doze? Contudo, um de vós é um demônio! …». Ele se referia a Judas, filho de Simão Iscariotes, porque era quem o havia de entregar, não obstante ser um dos Doze” (Jo 6,70-71).

3. São Tomás comenta: “Demônio não por natureza, mas por imitação da malícia diabólica” (…). Mais adiante, em Jo 13,27, lemos: “Logo que ele o engoliu, Satanás entrou nele”, porque precisamente se tornou conforme a ele em malícia”.

4. Santo Tomás acrescenta ainda: “Mas se Cristo elegeu Judas e ele se tornou mau, parece que Ele errou em sua escolha.

Isso é respondido, em primeiro lugar, por Crisóstomo, que aqui não se trata da escolha da predestinação, mas da eleição para um cargo e para o estado de justiça presente, para o qual alguns são às vezes escolhidos não em consideração ao futuro, mas por causa de sua condição presente: e por essa eleição nem a liberdade do livre arbítrio nem a possibilidade de pecar são tiradas. Daí a exortação paulina: «Portanto, quem pensa estar de pé veja que não caia» (I Cor 10,12). Portanto, o Senhor escolheu Judas enquanto ele ainda não era mau, mas sua escolha não o privou da possibilidade de pecar.

Em segundo lugar, pode-se responder, com Agostinho, que o Senhor escolheu Judas enquanto ele já era mau; e isso se enquadra na capacidade do Bem: fazer uso do ímpio para um bom fim, mesmo sabendo que ele é mau. Deus fez bom uso dele, tolerando ser traído por ele a fim de nos redimir.

Ou alguém pode responder que a eleição dos doze apóstolos aqui não se refere a indivíduos, mas ao número deles, neste sentido: Eu escolhi em vocês o número doze. Pois esse número é muito apropriado para aqueles que deveriam pregar a fé da Santíssima Trindade aos quatro cantos do mundo. E esse número não foi perdido, pois Matias foi substituído no lugar do traidor.

Ou poderíamos responder, com Santo Ambrósio, que o Senhor escolheu Judas para confortar nossa fraqueza, quando formos traídos por nossos amigos, sabendo que Ele também, Senhor e Mestre, foi traído por um discípulo (Comentário sobre o Evangelho de São João, 6,71).

Eu te abençoo, desejo-te felicidades e me lembro de ti na oração

Padre Angelo